Paulo Rk

Paulo Rk
Contemplação da mente

terça-feira, 11 de maio de 2010

Febre social


Hoje em frente ao meu computador, escutando uma música (Never forget you),de uma banda ainda desconhecida, a meia luz do meu quarto.
Lá fora um friozinho regado com uma garoinha fina, daqueles que esfriam até as nossas almas, e para completar este cenário inspirador, tomando um chá bem quente, bem adocicado e com algumas gotas de limão.
Foi o suficiente para escrever algumas linhas para o meu blog.
Mas tava tudo perfeito, um cenário impecável e aquele sentimento de mais um dia cumprido, inigualável!
Estava tão poético,até que a música mencionou uma passagem que me fez pensar e sair deste clímax mais do que perfeito:
-Lá fora as pessoas agitadas buscam uma solução para calar seus demônios.
Da inspiração poética dos paulistanos, que vivem com a realidade mais corrosiva do que a própria acidez de tuas garoas, e que caem sobre as nossas mentes .
Este refrão me fez voltar a realidade do meu cotidiano, corrompendo a minha alma e fazendo o meu coração sangrar.
Onde sou testemunha daqueles que vivem bem abaixo da miséria, isso significa não ter acesso a internet, não saber o que é um blog, não ter um quarto com um computador, e tão pouco poder tomar um chá quente, bem docinho e com algumas gotinhas de limão.
Porque eles, nem tem comida e nem moradia para viverem com dignidade,que absurdo!
Estamos em pleno século XXI, e boa parte da nossa população vivem ainda com os mesmos problemas dos nossos primórdios.
Como essas pessoas podem se desenvolver como seres humanos se elas não conseguem suprir nem as suas necessidades mais básicas, que é o da alimentação e moradia?
Todo esse turbilhão emocional, me fez voltar há um tempo atrás, onde assisti um filme alternativo, onde uma jornalista aposentada e bem situada financeiramente, volta ao seu pais de origem onde a pobreza ainda predominava.
Após um tempo imerso numa jacuzzi, regada com sais de todos os tipos ela teve uma febre interna, onde a sua consciência lhe fazia cobranças.
Quem está pagando por todo este conforto? Pelo seu banho, pelo espumante que tomou enquanto se banhava e pelo raro patê de figado de ganso?
A sua febre estava realmente dilacerando a sua alma e fazendo o seu coração sangrar, mais o menos o que estou sentindo agora.
Mas o filme estava levantando a questão de nossas responsabilidades dentro da sociedade, até que ponto somos culpados pela miséria alheia?
Será que estou com febre, será que foi o chá ou o limão?

Alguém pode me responder até que ponto somos culpados pela miséria alheia?
Muito obrigado por terem lido até o último parágrafo.
Paulo RkSp

Um comentário:

  1. Não somos Paulo,culpados pela miséria nem pela abundância alheia,a menos, lembre-se bem dessas palavras a menos que estejamos diretamente envolvidos.
    Lógico que em certos momentos de nossa vidas podemos se tivemos a chance podemos ajudar a outrem, podemos doar roupas, sapatos, alimentos, até nossos bens, Tudinho mesmo, E nem assim vamos conseguir sanar os problemas alheios. Porque? Simplesmente porque não estamos diretamente envolvidos. Não é esse o nosso papel se não tivermos autoridade para isso.
    Não é pelas nossas mãos que passam as verbas, os recursos destinados à diminuição da pobreza. Não somos nós que no meio desse percurso dinheiro + quem necessita dele o desvia para sua própria conta em paraísos fiscais.
    Não somos nós que falsificamos remédios.
    Não somos nós que formamos as grandes filas da fome. Não fomos nósque inventamos a corrupção .
    Lógico que não devemos ficar de braços cruzados. Devemos denunciar quando tivermos oportunidade. Essa gente canalha, eleita para nos proteger, rouba os cofres públicos e dorme tranquilamente em berço esplêndido. Nem esquenta a 'cama' da cadeia e se esquenta é como se estivesse num hotel cinco estrelas com direito a marmitas vindas de fora e a visitinhas intimas.
    E você com dor na consciência de tomar um simples chá? Menos amigo, menos...

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