Paulo Rk

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Contemplação da mente

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Qual o papel da religião em nossas vidas?

Perguntaram por que eu sou budista, a minha resposta foi simples e sucinta, porque me identifiquei com a filosofia/religião budista!
Para quem não sabe filosofia e religião são as mesmas coisas, uma realidade não existiria sem a outra, porque uma boa religião é sempre baseada ou tem como base, uma filosofia de vida e vice versa.
Então o budismo é uma religião, não apenas uma filosofia de vida como todos costumam ‘rotular’ o budismo, e foi no próprio budismo que aprendi a importância das religiões em nossas vidas.
O papel principal da religião é livrar toda a humanidade do sofrimento de suas próprias ignorâncias, tais ‘ignorâncias’, nós praticantes do budismo chamamos de ‘escuridão fundamental’, e é o que nos faz sofrer tanto nesta vida.
Fazendo uma analogia do ‘ambiente escuro’, quando não enxergarmos o nosso ambiente ao redor, tropeçamos e caímos facilmente, e quando alguém, ou quando nós mesmos, ‘procuramos a iluminação’, iluminando nossos caminhos, não mais sofremos pelos tropeços ou quedas pela própria ‘escuridão fundamental’ ou das nossas próprias ignorâncias inerentes.
Foi na pratica e no estudo do ‘sutra de lótus’, uma escritura sagrada budista a qual estudamos para atingirmos a tal condição do iluminado como aquele que atingiu a libertação da sua própria condição de ignorante, sendo um equivalente à bíblia sagrada de onde “bebemos” de todos os conhecimentos e sabedorias deixadas pelo próprio Buda.
Segundo o budismo não pode existir fé sem estudo, eu não posso simplesmente dizer que sou budista se não compreendo profundamente os ensinamentos deixados por ele (Buda).
Por esta razão somos orientados a estudar muito a filosofia budista enquanto praticantes, porque do estudo depende a nossa fé, mente aquele que diz crer em qualquer divindade sem ao menos estudar sua razão de existir.
Acreditar por acreditar é perigoso, porque podemos acreditar numa mentira, para quem não sabe existem dois tipos de verdade, a verdade absoluta e a verdade relativa.
E antes de ser budista eu pensava que a verdade era uma só, sendo  a verdade e ponto final, porque só poderia existir uma única verdade, mas foi no budismo que eu aprendi a relatividade de todas as “realidades mundanas”.
Exemplo da ‘verdade absoluta’ que é inquestionável, e todos de alguma forma concordamos com tal verdade absoluta; ‘o sol nasce a leste e se põem a oeste’, é inquestionável porque todos os dias quando tem sol, testemunhamos tal maravilhoso fenômeno da natureza.
Quanto à ‘verdade relativa’ ela é questionável, porque quando uma pessoa acredita porque quer acreditar que ‘o sol nasce a oeste e se põem a leste’ ela vai enxergar que tal fenômeno acontece nos céus todos os dias, porque ela quer acreditar e ponto final, não havendo ninguém que possa fazer enxergar o contrário!
Quando fui pela primeira vez numa reunião budista, um dirigente me fez uma pergunta coerente, foi quando me identifiquei com o budismo, ele me perguntou por que estava ali, disse a ele que estava à procura de uma ajuda para uma pessoa que amo muito, e o dirigente prontamente me questionou afirmando que quando temos problemas pessoais não conseguimos ajudar quem quer que seja, por mais que amássemos tal pessoa e tivéssemos boas intenções.
Tal pergunta me fez refletir e perceber como esta filosofia é verdadeira, mas isso não foi tudo que o dirigente me falou e que me despertou ainda mais o meu interesse pelo budismo, ele mencionou que o ‘Buda não salva ninguém’, ele apenas deixou seus conhecimentos para livrar a humanidade de todos os sofrimentos causados pelas nossas próprias ignorâncias, devemos fazer deste conhecimento uma ‘ferramenta’ para alcançar a nossa felicidade neste mundo, e fazer de todo o sofrimento um “trampolim” para nos tornarmos em pessoas melhores, dissipando todas as nossas escuridões inerentes em nossas próprias vidas.
Existe um mantra no budismo que é passado para as pessoas que querem praticar o budismo, tal mantra é o NAM MYOHO RENGUE KYO, é a pratica principal de todo o budista veterano ou iniciante e por toda a vida, porque é através da recitação dele que conseguimos enxergar as nossas próprias falhas e dificuldades como seres humanos neste mundo.
E segundo a própria filosofia menciona, quando enxergamos as nossas dificuldades, conseguimos transformar o nosso veneno em remédio nos tornando em pessoas melhores capaz de ajudar não somente a nós mesmos, bem como as pessoas que vivem em nosso entorno e que amamos muito.
O próprio mantra não salva ninguém, mas ao recitarmos sabemos o que devemos fazer para mudar determinadas maldades e obstáculos de nossas vidas, tudo depende de como a utilizamos o conceito da ‘oração e ação’, quando recitamos o ‘mantra’ estamos fazendo a causa e como toda a causa, surgirá os efeitos em nossas vidas, mudando as nossas próprias mentalidades de como encarávamos antes bem como o nosso ‘modus operandi’.
Para o budista não existe milagre do tipo “sobrenatural”, do conceito ocidental da crença que diz que ‘se deus quiser’ eu vou alcançar um milagre sem agir com as próprias mãos, apenas acreditando em tal ‘verdade relativa’, porque o próprio homem é um milagre vivo capaz de operar milagres neste mundo e planeta.
Mas viver somente da crença não nos leva a lugar nenhum, precisamos orar para obter a sabedoria, livrando das nossas próprias ignorâncias e agir corretamente com nós mesmos e principalmente com as outras pessoas, agindo sempre de boa fé com toda a humanidade.
Aprendi muitas coisas dentro desta filosofia que pratico desde 1.999, e costumo dizer que eu nasci por duas vezes neste mundo, nasci quando sai do ventre sagrado de minha mãe pela primeira vez, e nasci pela segunda vez, quando conheci o budismo de Nitiren Daishonin em minha vida, a qual sou grato, porque aprendi principalmente nesta filosofia a ter gratidão por tudo nesta vida, pelas coisas mais simples, ‘triviais’ até os acontecimentos extraordinários que acontecem de vez enquanto em nossas vidas.
Hoje não sei dizer se saberia viver sem ser ‘norteado’ por esta maravilhosa filosofia, porque existem muitas religiões no mundo, e muitas delas enganam a população que parecem estar cegas para as verdades absolutas e mesmo vivendo em meio a tanto sofrimento, elas continuam a acreditar no que do meu ponto de vista não deveriam acreditar.
Falsos profetas enganam essa gente prometendo o paraíso em troca da riqueza financeira, esse povo entrega de mãos beijadas todo o dinheiro que eles ganham no mês ou parte dele, sem quaisquer cerimonias, acreditando nos maus intencionados pastores que recolhem tais valores o que eles chamam de ‘dízimos’ sem quaisquer arrependimentos por essa gente, que quase sempre vivem muito próximo à miséria.
Mas a culpa é de quem?
É do povo que insistem em acreditar na ‘verdade relativa’, é mais cômodo acreditar que “deus” os abençoará com riquezas e prosperidades, doando todos os seus dinheiros para esses ‘arautos’ religiosos, porque essa gente ignorante que vivem na ‘escuridão fundamental’, prefere o mais “fácil”, preferem “doar”, ao invés de arregaçar as suas mangas e lutar pelo que eles acreditam ser a felicidade nesta vida, povo iludido.
Perdoem os fanáticos religiosos, mas observem que nos países onde o catolicismo é predominante, o povo vive em conflito, vivem fazendo guerras em nomes daquele que eles próprios desconhecem.
Mas não estou aqui para criar polemicas com quem quer que seja apenas respondendo por que sou budista e a finalidade da religião em nossas vidas, mas não vou deixar de dizer, que observo muitas pessoas das outras religiões que praticam à mais tempo que eu, elas parecem não evoluírem, não digo no aspecto material, mas no aspecto espiritual, quando julgam as outras pessoas, discriminam e mal tratam quem não seguem as mesmas religiões que os delas, e insistem em afirmar que deus é amor, mas uma pergunta fica nos ar, ‘se deus é amor, por que tais pessoas desprezam seus semelhantes aqui na terra’?
Compreenderam por que sou budista?
A falta de coerência nas outras religiões é a mesma falta de tolerância nas pessoas que são as causas de todos os tipos de conflitos e desentendimentos no mundo contemporâneo, observo muitos crentes que torcem o nariz quando digo que sou budista, e todas as vezes que algum boçal faz tal comentário negativo sobre o budista, aprendi a responder a altura, mas educadamente, afinal de contas sou budista, dizendo a eles, ‘graças ao seu “deus”, eu sou budista’, e para um bom entendedor meias palavras basta! (risos)       

Paulo RK

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