Paulo Rk

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Contemplação da mente

quarta-feira, 19 de junho de 2013

E eu pensando que tinha superado o meu "eu inferior!"

Hoje fiz um serviço avulso, daqueles que não costumo realizar durante a semana. Foi bom porque a “senhora”, dos tipos mãezonas, simpáticas, e um pouquinho acimado do seu peso, me pagou, e ainda me deu um dinheirinho extra, para almoçar. Nem precisava, mas agradeci, pois como ela mesma disse, foi de coração. Como o dinheiro “extra”, foi destinado para o meu almoço, fui fazer jus, e a propósito faz um tempão que não como fora de casa. Não querendo parecer ingrato com o que vou falar, mas comer todos os dias, feijão e arroz enjoa. E afinal de contas, eu estava mesmo precisando variar um pouquinho, não pretendia comer num restaurante chic, mas qualquer boteco limpo, estava de bom tamanho, como fazia nos bons tempos, em que trabalhava para os outros. Encontrar almoço após as 14 horas da tarde, é um grande desafio, mas consegui encontrar, no momento de fraqueza e prestes a desistir por ter “vasculhado” toda a avenida, onde eu me encontrava. Enfim ao chegar ao local, fui logo pedindo uma coca diet, só para manter as aparências de quem, apesar de estar num restaurante tipo duas estrelas e meia, ainda conseguia manter a pose de granfino, e os indesejados quilinhos fora da balança. (risos) Como não sou bobo, tomei a bebida bem devagar, até a comida chegar, até que ela não demorou muito, mas antes dela chegar aconteceu o inesperado. Um homem muito elegante, trajando um terno, sentou se bem a minha frente, e pelo visto ele também não tinha almoçado, pois pareceu ter pedido a mesma comida, e o único prato que eles estavam servindo naquela hora. Enquanto ele estava impecável em seu terno, eu com o tênis molhado, calça jeans surrada, uma camiseta encardida, e ainda por cima, descabelado como se fosse um desvairado. Sem problemas, pois são “ossos do ofício”, enquanto uns ganham dinheiro segurando uma caneta, eu coloco as mãos na massa, consertando e endireitando as coisas. A comida chegou, quentinho e cheirosa, e eu faminto do que jeito que estava, perdi o foco no terno elegante do cidadão, que escolhera sentar bem a minha frente, e resolvi matar aquela, que estava me consumindo aos poucos, ou seja a própria fome. Quando cheguei na metade da comida, levantei a cabeça e notei que o cidadão bem vestido, estava me observando. Foi ai que todo o meu drama começou, e o meu “eu inferior” veio a tona, estou falando da minha timidez. Drama porque pensei ter superado este tipo de sentimento na minha adolescência, e olha que faz um bom tempo. Nada demais mas de repente, de tão constrangido que fico, quando alguém fica me encarando, as coisas mais simples do nosso cotidiano, como comer em público, pode ficar complicado, pelo menos pra mim. Realizando façanhas macabras, como furar a própria língua com o garfo, errar com o copo ao beber a coca diet, e derramar todo o líquido que naquela hora, estava mais agua do que o próprio refrigerante. O prato dele chegou, e a cada garfada ele me observava discretamente, e naquela altura, eu já tinha perdido a fome, por conta da minha timidez. Foi uma pena, pois deixei um prato que me custou dezoito reais com o refrigerante pela metade. Mas a questão, que me deixou inquieto até agora é o fato de ter descoberto que os sentimentos da minha timidez, estavam camuflados e latentes, a espera de um gatilho para ser acionado. Depois desta experiência traumática de almoçar fora, quebrando um “jejum” de longas datas, não sei se vou ter uma boa noite de sono. Pois por um bom tempo, a timidez foi o meu grande pesadelo, na fase mais dourada da minha adolescência, e só de pensar que ela voltou, eu fico de cabelos arrepiados! Paulo RK

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