Paulo Rk

Paulo Rk
Contemplação da mente

terça-feira, 21 de julho de 2009

Eterno Ídolo e fã efêmero




Quando do cantor e compositor Cazuza era vivo, eu o admirava pelas letras de suas composições e pelo seu estilo de vida bem radical.
Rapaz criativo, carismático e livre, para fazer o que mais gostava na vida, tinha a impressão de que nada mundano, poderia afetá-lo.
Sempre protelei em assistir seu filme, mas num belo dia, em que não havia nada para assistir ou fazer, resolvi assistir.
Estava com um amigo, dizendo a ele como admirava este ser “divino”, e em meio a nossa conversa, e com uma certa inveja, confessamos, falávamos de tudo que ele poderia ter tido, mulheres, dinheiro e tudo aquilo que o mesmo poderia comprar.
Quando de repente entre uma cena e outra, o Cazuza deu um beijo na boca de um suposto namorado.
Confesso que naquele instante, fatídico da minha vida, foi como se o chão tivesse, sumido, aberto sobre os meus pés.
Então veio a crise existencial, e novamente a pergunta que não queria se calar, por que estava sentindo aquela repulsa, se ele por algum tempo na minha vida, era um modelo de pessoa a ser seguido?
Foi apenas um beijo, e segundo uma música americana, um beijo é apenas um beijo.
E como poderia estar agindo daquela forma, se abomino todo tipo de discriminação e preconceitos?
Será que inconscientemente sou hipócrita, como a maioria na sociedade?
Arghhhhhhhh ! Que sentimento horrível !
Depois desta cena, que eternizei no fundo do meu incosciênte, a vida pareceu voltar ao normal, pelo menos para mim.
Determinei não questionar mais sobre a opção sexual de Cazuza, e continuar a minha vida, ouvindo as música/poesias dele.
Afinal de contas, o que ele fazia entre quatro paredes, não era da conta de ninguém, só dele, o importante, é que as suas canções, me inspiram, me ajudam a viver e a ver o mundo com mais poesia.
Existe algum outro antídoto, para superar as batalhas do dia-a-dia, ouvindo uma boa música?
Acho que não !
Novamente a rotina, e no meu incosciênte, no meu reino chamado “CriseLandia da existência”, veio a notícia da morte de Michael Jackson.
E a tempestade de questionamentos assolou novamente este meu reino paradisíaco.
Acredite ou não, eu era fã do tio Jacko, adorava o seu estilo inovador de dançar, as suas canções e os seus vídeo-clips.
Há um tempo atrás, quando ele estava vivo, e anunciou em público, a sua suposta doença, que o deixou totalmente branco, fiquei muito furioso e parei de imediato a adquirir seus CD’s.
Achei uma tremenda balela, ele dizer que a doença deixou-o totalmente branco, e pelo que sei, a doença vai manchando a pele, com pontos brancos, mas não de forma uniforme, como no caso dele.
Na minha opinião, esta foi uma forma muito radical de dizer ao seu público, o quanto ele odiava a sua etnia.
Após este tiro de misericórdia , parei de comprar seus CD’s, e nunca mais assisti seus vídeo-clips.
Nunca mais, até a morte dele, hoje no meu aparelho de som do tipo Junke-box, que toca cinco CD’s, deixo rolar os cinco discos que comprei na época.
E ao prestar atenção, nas letras de suas canções, percebo que ele era um ser humano, muito a frente do que qualquer um de nós.
Fico muito envergonhado, pois o sentimento de estar sendo hipócrita, em agir contrário as minhas afirmações, me tiraram o chão novamente de meus pés.
Que sensação horrível !
Se as pessoas de cor branca, vão a praia para adquirir uma cor, e ninguém os criticam por isto, por que temos que criticar um artista do porte Jackson, só porque ele gostava de uma cor mais clara, digo quase para o transparente ?
Voltando as suas canções, repare nos vídeo-clips de Michael, em especial, uma que adoro, “Heal the World “ ou em português, “Curar o Mundo”, analise e sinta da sua letra.
Acho que este clip, tem tudo haver com que o mundo está precisando.
De volta ao meu reino, “CriseLandia”, e fazendo uma análise, do meu comportamento desprezível em relação ao Cazuza e ao Michael, a morte destes dois grandes ícones do Rock, um nacional e outro internacional, me fizeram voltar a minha condição mais primitiva e rever os meus verdadeiros conceitos de valores.
Apesar deles terem sido o meu ídolo, eles eram de carne e osso, seres humanos como cada um de nós.
Cheios de sonhos e desejos, mas com uma responsabilidade muito maior, o de alegrar o mundo, alegrar seus fãs.
E apesar de terem pago um preço muito alto, para atingir seus principais objetivos, eles conseguiram.
Enfrentaram além do preço da fama, que imagino não ser fácil, enfrentaram também o preconceito de pessoas que os criticaram esquecendo de que eles também além de ídolos eram humanos .
E tinham com eles, um sonho, um sonho de um mundo melhor, e acho que eles conseguiram , pois deixaram seus trabalhos, como um grande legado para toda a humanidade !

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