Paulo Rk

Paulo Rk
Contemplação da mente

domingo, 25 de novembro de 2012

Preocupações desnecessárias com o molho de chaves

Outro dia vivi uma experiência muito intensa, e ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, não pratiquei nenhum esporte radical. Quem me dera poder praticar um sonho que sempre almejei realizar, mas não foi desta vez, infelizmente! A cena toda começa no mercado perto de casa, poderia ser um dia como outro qualquer, se não fosse por um detalhe, o bolso direito da minha calça, furada. Realizei a compra semanal como de costume, e com muita pressa me dirigi ao caixa para efetuar o pagamento, estava tão agitado, que a moça comentou a minha pressa desenfreada. Respondi a ela que era fome, pois tinha acabado de chegar do serviço, e não tinha comido nada desde manhã. Mas o meu drama, começa quando fui atravessar a rua, e senti algo no meu bolso direito da calça, na verdade senti o vazio no bolso, onde costumo colocar o molho de chaves, da minha residência. Emoção suficiente para esquecer a fome, e enviar adrenalina suficiente ao coração, para fazer um pequeno escândalo no mercado, com a grande esperança de ter perdido por lá mesmo. Foi tudo em vão, fiz reconstituição do “crime” de ter perdido o molho de chaves, através da engenharia reversa refazendo todo o trajeto, desde a entrada inicial naquele estabelecimento. E novamente não logrei êxito, mas totalmente inconformado tive que manter a calma, a minha serenidade mental, para pensar numa alternativa, para poder adentrar o meu próprio lar. Em outras ocasiões, tal desafio seria tão fácil, quanto tirar um doce das mãos de uma criança, no entanto, as pessoas que me conhecem, sabem que quando estou com fome, não consigo pensar ou raciocinar o obvio. Desafios à parte, consegui me manter temporariamente sereno, e pensei numa solução pratica, não foi das melhores opções, mas não tive escolha, pois não tenho chaves reserva. E muito contrariado, e ainda carregando as compras, me dirigi até o depósito de matérias de construção, para comprar dois cadeados e correntes, pois optei por estourar os dois portões principais, e provisoriamente fechá-los com cadeados e correntes. Se deus existe, definitivamente ele é brasileiro, pois ao chegar na casa de materiais para construção, havia quatro pessoas sendo atendidas, e tive que aguardar, e foi o tempo necessário para que eu pudesse “chacoalhar” a minha calça. Apesar de ter tomado a decisão de estourar os portões, num ato de desespero de comprar correntes e cadeados, não estava totalmente conformado de ter perdido o molho de chaves, custava acreditar. Não moro mais com a minha mãe, e costumo usar calças bem mais compridas que as minhas pernas, pois em outras épocas, ela fazia as barras e consertava os bolsos furados. Bolso furado da calça, esse foi a razão e motivo, de tanta emoção num único dia da minha vida, um dia sem precedentes, que me faria pensar todos os meus hábitos, até aquele fatídico momento. Quando se usa calças mais compridas, que a nossa própria perna, ela fica com muitas dobrinhas na região da canela até os pés, formando naturalmente um “repositório” de qualquer coisa, inclusive de molho de chaves. Comecei a arregaçar as barras da calça, até a altura do meu joelho, e foi ai que a dita cuja, o bendito molho de chave caiu, fazendo um lindo e sonoro barulho, característico do metal, tocando o chão, foi lindo! Foi como ouvir “Mozart”, a esta altura todos estavam olhando para mim, focados e preocupados, se aquela estranha criatura, ensaiava um streaptease. Estava totalmente alheio ao ambiente, arregaçava as calças, expondo as minhas singelas canelas brancas, finas e com poucos pelos, como se estivesse na minha própria residência. Uma visão nada agradável confesso, mas naquela altura do campeonato, não pude me conter, e uma súbita alegria dominou o meu ser, contagiando todo o resto. E de certa forma compensando a visão desagradável, que proporcionei a todos, com o meu “porte” físico nada invejável. Por fim, relatei o ocorrido as pessoas presente, naquele comércio, e todos riram compartilhando comigo o alivio, por não ter perdido as chaves. Desta amarga experiência, aprendi que não devemos ser negligentes em nossas vidas, e providenciarei várias cópias de todas as chaves, que são tão uteis, para abrir as portas das nossas felicidades, e isso vale também, para os nossos documentos, principalmente daqueles que somos obrigados a carregar, o R.G.! Paulo RK

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