Paulo Rk

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Contemplação da mente

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Eu sei o que quero da minha vida, porque sei exatamente o que não quero!

Recentemente uma das minhas “patroas”, para quem não sabe prefiro chamar de patrão e patroas as pessoas para quem presto serviços, do que chamar de ‘chefe’ porque do meu ponto de vista, quem tem ‘chefe’ são os índios, nada contra, mas acho a palavra ‘chefe’ muito informal e do contrário é verdadeiro, as palavras ‘patrão e patroas’ parecem mais amigáveis.
Mas voltando ao assunto inicial, comentei para uma das minhas patroas que faria curso de ‘cuidador de idosos’, e ela me disse que ‘eu não sei o que faço da minha vida profissional’, e preciso definir porque estou “gastando” muito dinheiro com vários cursos que já fiz desde 2009 sem definir nada profissionalmente.
Confesso que fiquei confuso com o tal comentário, porque não “perdemos” dinheiro ao investir em conhecimento seja lá qual for.
Na verdade ela mencionou tal condição porque em 2010, fiz um curso de sushiman e até hoje não consegui trabalhar num restaurante japonês como pretendia.
Mas não tem nada haver, no caso enviei vários currículos e muitos dos restaurantes ‘inclusive’ badalados de locais nobres da cidade de São Paulo, me contrataram, a questão é “aquele tal negócio”, não que eu seja arrogante e queira mudar ou moldar o mundo ao meu bel prazer, mas odeio trabalhar em ambientes improvisados.
Não quero denunciar nenhuma forma ‘clandestina’ de restaurantes em funcionamento, mas sou formado em administração com ênfases para novos negócios, então não trabalho num ambiente onde todas as condições mínimas de segurança sejam desrespeitadas, colocando em risco a própria vida dos colaboradores.
O antepenúltimo restaurante que trabalhei por um curtíssimo tempo dentro de um Shopping muito chic  da minha cidade, e embora eles estavam  precisando de funcionários não me deram as devidas atenções para que eu pudesse trabalhar com mais conforto e segurança.
Quem trabalhou em restaurantes sabe muito bem como é frenético o ritmo, principalmente na hora do almoço e janta, a questão é que uma vez contratado, fiquei quase duas semanas trabalhando com a minha própria roupa, passando sufoco, pois estava de tênis e o piso da cozinha era bastante escorregadio, para contrariar ainda mais o meu conceito de como deveria funcionar a cozinha, eles colocavam fogões em locais onde poderiam acontecer graves acidentes de queimaduras.
Outro dia fui colocar arroz na panela que estava logo acima de um outro fogão com uma outra panela com água fervente, então imagine vocês eu me debruçando sobre o vapor daquela água quente, para alcançar a panela de arroz e dar seguimento ao cozimento.
Querem mais drama?
Estava de tênis, e quando mencionei que o piso era escorregadiço, não foi exagero meu, eles se quer me providenciaram botas, para que eu pudesse trabalhar com segurança.
Querem mais, as matérias primas eram armazenadas de forma perigosa, me solicitaram guardanapo de papéis e fui ao estoque, na verdade um ‘estoque improvisado’, e reparei que havia fios descascados sobre os papeis, ao lado de produtos de higiene inflamáveis.
Eu até fiz vista grossas por um tempo, mesmo com todo o improviso irresponsável que poderia colocar a vida dos colaboradores em risco inclusive a minha própria.
Foi numa noite na hora da janta, estava sozinho com mais um rapaz que não fazia parte da cozinha oriental, um dos sócios do restaurante compareceu e ficou na área do refeitório para avaliar os nossos préstimos bem como a qualidade dos pratos que servíamos.
Apesar de ter feito recentemente o curso da culinária oriental, ainda não tinha prática, e o rapaz que entendia um pouco da cozinha japonesa, me auxiliou porque o profissional já tinha ido embora, então imagine que a produção estava a passos lentos, foi quando a puxa saca da gerente voltou bufando da praça de alimentação, dizendo que cabeças iam rolar se o dono não visse as estufas cheias de sushis e afins, para finalizar a gerente disse que o mesmo disse para nos virar com que tinha.
‘Detalhe’ estava faltando insumos por falta de competência daquele que controla a entrada de matérias primas, foi a ‘gota da água’ pra mim, trabalhava perto da faculdade, e por não ter uniforme ia todos os dias cheirando peixe, e quantas vezes fui motivo de chacota, outro dia um universitário metido a besta, olhou para mim com um ar irônico dizendo que o metro estava impregnado com cheiro de peixe, olhando para seus colegas começaram a rir, todos olhando para a minha direção.
Não que eu me importe com as opiniões desses babacas universitários, pois eu também já fui um e sei muito bem como é legal tais palhaçadas em grupo, mas foi foda pois  o vagão inteiro do metro riram do meu cheiro, mas são águas passadas, decidi então me desligar, para se ter idéia a mulher que “cuidava” das papeladas da contratação, se quer tinha me registrado em carteira, eu dei ‘graças a deus’, pois trabalhei apenas um mês.
E com bases nessas mesmices e por todas as precariedades com que “funcionam” as cabeças dos nossos empreendedores do Brasil decidi não trabalhar para os outros, pelo menos por enquanto, mas  caso precise não titubearei, por enquanto estou prestando serviços tendo meu próprio dinheiro para pagar contas e comprar alguns mimos, estudarei para enriquecer o meu próprio currículo.
Nunca nenhum conhecimento será em vão, apesar dos muitos questionamentos de amigos, pois segundo eles, ‘o que tem haver a cozinha oriental com administração de empresas’, embora eles não saibam tem tudo haver.
Porque foi determinante testemunhar com as precariedades de funcionamento que acontecem em nosso país, comprovando na prática o que discutíamos em classe na faculdade, que o Brasil está cheio de empreendedores e muitos sem as competências necessárias.
E com todos esses acontecimentos, quando indagado pelos meus patrões que me incentivam financeiramente quando decido fazer algum curso ‘extracurricular’ eles “tiram uma casquinha” dizendo que não sei o que quero ou faço da minha vida profissional, afinal de contas são eles que bancam tais cursos.
Mas sou de boa e respondo ‘que sei muito bem o que quero da minha vida, pois sei exatamente o que não quero dela’!


Paulo RK 

Um comentário:

  1. Eu sei o que quero na vida e o que eu não quero mas, por vezes, ela insiste em não me dar o que eu quero e me dar o que não quero ... #PHODA

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