Recentemente uma das minhas
“patroas”, para quem não sabe prefiro chamar de patrão e patroas as pessoas
para quem presto serviços, do que chamar de ‘chefe’ porque do meu ponto de vista,
quem tem ‘chefe’ são os índios, nada contra, mas acho a palavra ‘chefe’ muito
informal e do contrário é verdadeiro, as palavras ‘patrão e patroas’ parecem
mais amigáveis.
Mas voltando ao assunto
inicial, comentei para uma das minhas patroas que faria curso de ‘cuidador de
idosos’, e ela me disse que ‘eu não sei o que faço da minha vida profissional’, e preciso
definir porque estou “gastando” muito dinheiro com vários cursos que já fiz
desde 2009 sem definir nada profissionalmente.
Confesso que fiquei confuso
com o tal comentário, porque não “perdemos” dinheiro ao investir em
conhecimento seja lá qual for.
Na verdade ela mencionou tal
condição porque em 2010, fiz um curso de sushiman e até hoje não consegui
trabalhar num restaurante japonês como pretendia.
Mas não tem nada haver, no
caso enviei vários currículos e muitos dos restaurantes ‘inclusive’ badalados
de locais nobres da cidade de São Paulo, me contrataram, a questão é “aquele tal
negócio”, não que eu seja arrogante e queira mudar ou moldar o mundo ao meu bel
prazer, mas odeio trabalhar em ambientes improvisados.
Não quero denunciar nenhuma
forma ‘clandestina’ de restaurantes em funcionamento, mas sou formado em
administração com ênfases para novos negócios, então não trabalho num ambiente
onde todas as condições mínimas de segurança sejam desrespeitadas, colocando em
risco a própria vida dos colaboradores.
O antepenúltimo restaurante
que trabalhei por um curtíssimo tempo dentro de um Shopping muito chic da minha cidade, e embora eles estavam precisando de funcionários não me deram as
devidas atenções para que eu pudesse trabalhar com mais conforto e segurança.
Quem trabalhou em
restaurantes sabe muito bem como é frenético o ritmo, principalmente na hora do
almoço e janta, a questão é que uma vez contratado, fiquei quase duas semanas
trabalhando com a minha própria roupa, passando sufoco, pois estava de tênis e
o piso da cozinha era bastante escorregadio, para contrariar ainda mais o meu
conceito de como deveria funcionar a cozinha, eles colocavam fogões em locais
onde poderiam acontecer graves acidentes de queimaduras.
Outro dia fui colocar arroz
na panela que estava logo acima de um outro fogão com uma outra panela com água
fervente, então imagine vocês eu me debruçando sobre o vapor daquela água
quente, para alcançar a panela de arroz e dar seguimento ao cozimento.
Querem mais drama?
Estava de tênis, e quando
mencionei que o piso era escorregadiço, não foi exagero meu, eles se quer me
providenciaram botas, para que eu pudesse trabalhar com segurança.
Querem mais, as matérias
primas eram armazenadas de forma perigosa, me solicitaram guardanapo de papéis
e fui ao estoque, na verdade um ‘estoque improvisado’, e reparei que havia fios
descascados sobre os papeis, ao lado de produtos de higiene inflamáveis.
Eu até fiz vista grossas por
um tempo, mesmo com todo o improviso irresponsável que poderia colocar a vida
dos colaboradores em risco inclusive a minha própria.
Foi numa noite na hora da
janta, estava sozinho com mais um rapaz que não fazia parte da cozinha oriental,
um dos sócios do restaurante compareceu e ficou na área do refeitório para
avaliar os nossos préstimos bem como a qualidade dos pratos que servíamos.
Apesar de ter feito
recentemente o curso da culinária oriental, ainda não tinha prática, e o rapaz
que entendia um pouco da cozinha japonesa, me auxiliou porque o profissional já
tinha ido embora, então imagine que a produção estava a passos lentos, foi
quando a puxa saca da gerente voltou bufando da praça de alimentação, dizendo
que cabeças iam rolar se o dono não visse as estufas cheias de sushis e afins,
para finalizar a gerente disse que o mesmo disse para nos virar com que tinha.
‘Detalhe’ estava faltando
insumos por falta de competência daquele que controla a entrada de matérias
primas, foi a ‘gota da água’ pra mim, trabalhava perto da faculdade, e por não
ter uniforme ia todos os dias cheirando peixe, e quantas vezes fui motivo de
chacota, outro dia um universitário metido a besta, olhou para mim com um ar
irônico dizendo que o metro estava impregnado com cheiro de peixe, olhando para
seus colegas começaram a rir, todos olhando para a minha direção.
Não que eu me importe com as
opiniões desses babacas universitários, pois eu também já fui um e sei muito
bem como é legal tais palhaçadas em grupo, mas foi foda pois o vagão inteiro do metro riram do meu cheiro,
mas são águas passadas, decidi então me desligar, para se ter idéia a mulher
que “cuidava” das papeladas da contratação, se quer tinha me registrado em
carteira, eu dei ‘graças a deus’, pois trabalhei apenas um mês.
E com bases nessas mesmices e
por todas as precariedades com que “funcionam” as cabeças dos nossos
empreendedores do Brasil decidi não trabalhar para os outros, pelo menos por
enquanto, mas caso precise não
titubearei, por enquanto estou prestando serviços tendo meu próprio dinheiro
para pagar contas e comprar alguns mimos, estudarei para enriquecer o meu
próprio currículo.
Nunca nenhum conhecimento
será em vão, apesar dos muitos questionamentos de amigos, pois segundo eles, ‘o
que tem haver a cozinha oriental com administração de empresas’, embora eles
não saibam tem tudo haver.
Porque foi determinante
testemunhar com as precariedades de funcionamento que acontecem em nosso país,
comprovando na prática o que discutíamos em classe na faculdade, que o Brasil
está cheio de empreendedores e muitos sem as competências necessárias.
E com todos esses
acontecimentos, quando indagado pelos meus patrões que me incentivam
financeiramente quando decido fazer algum curso ‘extracurricular’ eles “tiram uma
casquinha” dizendo que não sei o que quero ou faço da minha vida profissional,
afinal de contas são eles que bancam tais cursos.
Mas sou de boa e respondo ‘que
sei muito bem o que quero da minha vida, pois sei exatamente o que não quero
dela’!
Paulo RK
Eu sei o que quero na vida e o que eu não quero mas, por vezes, ela insiste em não me dar o que eu quero e me dar o que não quero ... #PHODA
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