Antigamente quando mais novo
me considerava um alienígena, porque me sentia muito diferente das pessoas do
meu entorno, e não estou falando no aspecto fisionômico por ser filhos de japas,
mas no aspecto cultural e comportamental da minha educação.
Primeiro porque meus pais
nunca embutiram nos seus filhos sentimentos de preconceitos, e nos fizeram
acreditar desde muito cedo que somos todos iguais perante a condição de sermos
humanos.
Então eu cresci, tive que
freqüentar escolas, faculdades e trabalhos, nem preciso mencionar que foi
inevitável o choque cultural que tive.
Primeiro porque percebi na
pele como são cruéis as ‘maldades infantis’ nos primeiros anos de escolas,
quando outras “criancinhas” zombavam de mim por ter olhos puxados, e ter a pele
clara em demasia com cabelos super negros, cujo contraste com as outras
criancinhas era inevitável, pra “foder” ainda mais a minha mãe cortava o meu
cabelo tipo tigelinha, sendo motivo de muitas brincadeiras sem graças de
coleguinhas maldosos, até o meu cabelo crescer.
Na faculdade já estava
amadurecido, calejado com tudo que tinha aprendido nas minhas fases anteriores
do ensino fundamental ao médio, mas não completamente liberto das ignorâncias
do povo que pouca educação ou nenhuma educação foi herdada de berço.
Mas mesmo assim no ensino
superior o meu comportamento foi bem diferente em relação aos colegas de classe
e perante as pessoas do meu convívio social, porque além do meu amadurecimento,
e da educação de berço, eu conheci a filosofia budista a qual me identifiquei
pra “caralho” e decidi ter um ‘norte’ em minha vida, que não me permitisse me
perder ou sofrer no mar das ignorâncias
das pessoas.
Lembro no primeiro semestre
quando fui puxar conversa com uma garota na faculdade, não por ter interesse
sexual ou qualquer outro interesse com segundas intenções e que não fosse
amizade, ela olhou pra mim e virou a cara dizendo não gostar de japoneses, em
outras épocas, tal acontecimento seria o suficiente para eu trancar a matricula
e desistir de cursar o ensino superior.
No entanto tudo que não nos
mata nos fortalece, “criei” defesas em relação a essa gente medíocre, racista e
preconceituosa, fui sentar no fundo da classe, como de costume, eu sempre amei
essa parte da classe, o ‘fundão’, reunindo algumas pessoas legais de mentes
abertas e de repente “promovi”, ataques provocativos e psicológicos contra a
garota que tinha me desprezado no inicio do semestre, pra variar o ‘pessoal do
fundão’, era sempre mais atuante na classe e interagia com todos os
professores, chamando a atenção de todos da classe pelas notas altas, inclusive
dessa garota estúpida que se achava a tal, no final do antepenúltimo semestre
ela veio falar comigo com um sorriso de piranha, quanto a mim agi normal,
poderia ser tão grosso quanto ela, mas preferi manter a minha educação superior
ao dela.
São nesses aspectos
comportamentais que avalio a superioridade ou inferioridade nas pessoas,
riquezas materiais ou belezas externa não dizem muito sobre quem são as pessoas
por dentro, mas com toda certeza comportamentos hostil através do próprio
comportamento entre as pessoas nos revelam muito sobre elas mesmas.
Meus pais sempre me ensinaram
que somos todos iguais, todo ser humano somos muitos parecidos, todos temos
nossos sonhos, objetivos, medos e algo muito em comum, todos queremos muito ser
felizes neste mundo.
E não podemos ser felizes
deixando de ser quem somos de fato, por outro lado e pela própria ignorância
das pessoas não posso sair falando tudo que penso.
Ainda que as minhas palavras
não sejam ofensivas, me sinto como se estivesse engolindo um boi por temer a
reação de algumas pessoas primitivas, que não tiveram o básico da educação.
Tem muita gente “vomitando”
preconceitos e desprezos de todos os tipos contra a sua própria humanidade, e
sendo tão desprezíveis com elas mesmas, penso o quanto serão desprezíveis com
as outras pessoas ao escutarem realidades que elas não estão preparadas para
aceitar como sendo normal.
E por mais que eu tenha
amadurecido e me fortalecido com o advento do próprio amadurecimento, não quero
passar novamente por esse desgosto, os mesmos sentimentos de testemunhar que as
criancinhas do passado, se tornaram em pessoas piores depois de adultas e não
melhores acho que não tenho mais saco para isso, apesar de ter psicologia, mas
confesso prefiro fugir desses adultos boçais que a despeito de estarem
envelhecendo fisicamente, mentalmente elas continuam a mesma criança mal
educada de 10 anos, cujos pais tinham o habito de desprezar e se quer deram o
básico da educação para que pudesse quando mais velhos coexistir pacificamente
com todos.
Por esta razão tenho muita
dificuldade de ser eu mesmo, não por vergonha ou timidez como foi no passado,
mas com medo pela própria discriminação preconceituosa desse povo que não
tiveram o mínimo da educação de berço.
Paulo RK
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