Eu ganho muitas coisas dos
meus patrões e patroas, principalmente roupas, algumas novas e outras usadas,
só que “usadas” uma ou duas vezes no máximo, então ‘semi-novas’ por definição.
Para se ter idéia tem camisas
dentro do meu armário com etiqueta da loja, que se quer foram usadas um dia, e
estão a minha espera para que eu estréie, a questão é que são camisas sociais,
e não tenho muitas ocasiões festivas ou especiais para usar com freqüência, no
entanto e de vez enquanto eu uso algumas delas, quando tenho que fazer algum
contato comercial externo para alguns dos meus patrões.
Mas no cotidiano eu costumo
usar um jeans, tênis e uma camiseta, pois gosto de me sentir livre, me sinto
mais eu quando estou confortável, acredito que somos assim, todos somos muitos
informais.
Tem gente que gosta de trajes
mais sociais, mesmo em dias comuns, conheço pessoas que vivem trajados
impecavelmente com suas camisas, calças e sapatos todos sociais, quem vê pensa
que são doutores, no entanto desempregados, ‘eternamente desempregados’, porque
quem faz muita questão de viver das aparências não se submete quaisquer tipos
de trabalhos.
Principalmente se o trabalho
é operacional daqueles que demanda esforço braçal, mas não estou aqui para
falar dos que vivem das aparências, porque na minha vida o ‘buraco é sempre
mais embaixo’ e descobri a tempos que tem coisas mais relevantes nesta vida do
que viver simplesmente de aparências.
Aprendi que não importa o que
as outras pessoas pensem a nosso respeito, o importante é ter qualidade de vida
conforme as nossas próprias realidades de vida!
Não quero o que é dos outros
e não tenho inveja ou tempo para sentir das outras pessoas, supostamente em
melhores condições do que eu, porque o que é dos outros pertence a eles, e toda
conquista é meritória, e se tiver tempo para ficar observando a grama do
vizinho, é sinal que não tenho me esforçado o bastante para gozar da mesma vida
boa.
Mas voltando ao assunto das
camisas que costumo ganhar dos meus patrões, certa vez minha sobrinha foi casar
e descobri que a maioria das camisas bonitas estava manchada no sovaco e tive
que escolher uma camisa velha para ir à festa, detalhe tinha que ir impecável,
pois seria um dos padrinhos dela.
Depois desta “descoberta” fui
fazer um check up nas camisas dentro do armário, e qual não foi a minha
“surpresa” desagradável, por não usar com freqüência algumas delas estavam
emboloradas, e algumas manchadas debaixo do braço, um horror.
Fiquei muito chateado, não
que eu seja materialista, a questão é que foi falta de cuidado, faltou zelo da
minha parte em cuidar das coisas que eu ganho, uma demonstração ainda que
inconsciente da mais absoluta ausência de consideração pelos meus queridos
patrões e patroas.
Moro sozinho e alguns afazeres
domésticos deixam a desejar, principalmente pela própria falta de conhecimento
que as nossas mães tinham pelas nossas coisas, como roupas, edredons e entre
outras benesses que nos faz muita falta quando moramos sozinhos.
Lembro que quando morava com
meus pais, nunca tive meias, furadas, cuecas velhas ou roupas sujas, minha mãe
providenciava para que eu andasse impecável, todo cheirosinho e arrumadinho,
saudades!
Camisa com manchas no sovaco
de suor nem pensar, era tudo tão mágico e eu nunca presenciava ou testemunhava
tais cuidados e zelos pelas minhas coisas, eu saia de casa de manhã e voltava
ao anoitecer e como num passe de mágica minha mãe tinha realizado tudo,
‘tcharam’, estava tudo lá limpinho, arrumado e cheiroso para o meu uso.
Por esta razão eu sempre
acreditei que a minha mãe tem poderes paranormais, só pode!
Prova do que menciono é que
hoje, longe da proteção dos incríveis poderes “paranormais” de minha mãe, vivo
usando meias furadas, minhas cuecas estão velhas e essas camisas com manchas no
sovaco que persistem não saírem.
Estava ficando frustrado com
tais manchas nas axilas, pois tinha tentado de tudo um pouco que aprendia na
internet, e nada até ontem, minha irmã tinha me dado faz um tempinho um
“produto rosa” que miraculosamente retiraria as manchas mais difíceis, então
ontem à tarde resolvi lavar no mínimo seis camisas que estavam precárias.
Fiquei quase o dia inteiro
debaixo daquele sol intenso esfregando o produto nas manchas debaixo das
axilas, a recomendação era esfregar e deixar de molho de um dia pro outro.
Hoje de manhã a felicidade
invadiu meu coração, percebi de leve que as manchas não estavam tão fortes
quanto antes, mas o resultado positivo ‘veio a cavalo’, eu percebi a eficácia
do produto quando elas ficaram completamente secas, a tais das indesejadas
manchas não existiam mais.
Fora banidas, extintas
desaparecerem da fase da terra como os próprios dinossauros sumiram deste
planeta.
Como mencionei, não sou
materialista, mas dentre essas camisas sociais, tem uma em especial de manga
curta que eu adoro, ela ficou completamente nova, com o detalhe do cheirinho de
limpeza, completa nostalgia!
Fiquei motivado e separei
para hoje mais três camisas, mas se o produto bom que utilizei ontem é
conhecido pelas mulheres como o “poder do rosa”, hoje descobri que nem tudo
pode ser um ‘mar de rosas’ pelo menos para mim, pois o tempo fechou com a
promessa de cair uma chuva intensa, daquelas de molhar até a alma, mas pelo
menos e a despeito desta chuva que promete, fiquei muito feliz por poder resgatar
e salvar as camisas que ganhei dos meus queridos patrões, afinal de contas eu
que vivo dizendo que para tudo na vida há uma solução, de ontem pra hoje
descobri que para todas as manchas difíceis sempre terá um produto capaz de
remover.
É por este e muitos outros
dramas de vida que vivencio solitariamente aqui no meu quartinho, que meus
patrões costumam afirmar que a minha pobreza os diverte!
Paulo RK
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