Porque todo mundo já teve uma amiga, tipo "Carrie a estranha!"

No ensino médio tinha uma garota com comportamentos muito estranho, eu não sei se ela agia daquele jeito, para chamar a atenção das pessoas, mesmo porque, ela sempre foi alvo das zombarias alheias, por não ser bonita e extremamente esquisita. E por ter tais comportamentos, o pessoal a batizou de, “Carrie a estranha!” Todo mundo a desprezava, fazendo pouco caso da sua beleza pouco convencional, na verdade, eu não a considerava feia, tanto quanto eu não me considerava! (risos) Porque acredito que não existem pessoas feias no mundo, apenas mal arrumadas ou pouco produzidas. No caso da nossa colega, a situação era bem mais precária, pois o seu cabelo não tinha corte feminino, realçando bastante a sua cara redonda e pálida, com espinhas que pareciam vulcões, prestes a entrar em erupção. E as roupas, eram um espetáculo de horror a parte, ela se vestia como uma arvore de natal, super colorida, parecia que ela tinha pego emprestado, das nossas avós dos anos 80, no auge da moda new wave. Mas tudo isso não foi o suficiente para me afastar dela, pois eu não suporto ver ninguém sendo desprezado, ou humilhado pela grande massa acéfala. Tornamos grandes amigos, e ela passou a “investir” em mim, todos os dias ela comprava uma caixinha de biz, só para o meu deleite. Foi quando ela me revelou o seu maior sonho, a de encontrar o príncipe encantado, casar e ter muitos filhos. O tempo foi passando e ela começou a comprar roupas, quando eu percebi que ela estava levando muito a sério, a nossa amizade. Passei a ser alvo das brincadeiras sem graça do pessoal, e ganhamos até o título “carinhoso” do casal mais feio, de todo o colégio! (risos) Fiquei desesperado e tive que reverter o quadro, inventei que tinha uma namorada, e que ela estava furiosa com o fato de estar ganhando presentes, de uma outra garota. E disse a ela, que qualquer dia, ela iria ao colégio, só para esclarecer algumas dúvidas, e por os pingos nos iiiiisssss! Deu certo, mas fiquei com o coração partido, pois ela chorou e me pediu desculpas, “não era para ela me pedir desculpas,” isso me deixou sentimentalmente arrasado, pois estava mentido. Enfim o fim das aulas, de lá pra cá muitas coisas mudaram, as pessoas passaram por uma incrível metamorfose, tanto mental quanto física. E adivinha quem eu encontrei no Carrefour? A própria; “Carrie a estranha!” Pasmem o patinho feio, tinha se transformado no cisne mais lindo do lago. Quando ela me viu, deu um grito, eu fiquei chocado, nem pude acreditar, será mesmo a mesma pessoa, com quem estudei anos atrás? Seus cabelos ruivos estavam mais compridos, a sua pele clara estava macio como se fosse um pêssego, e o seu corpo com uma silhueta de tirar o folego. Será que ela foi abduzida por algum E.T.? Fiquei sem entender nada, “Carrie a estranha” do passado, encontrou o seu príncipe e tinha uma linda filha. Casou se com um alemão, tipo um armário em pessoa, chamado Eduardo e tem uma linda garotinha, a Samanta de 3 anos. Enquanto o armário do seu marido, e a filhinha foram brincar, eu e a “Carrie a estranha”, fomos ao pátio de alimentação, para relembrar os velhos tempos no colégio. Ela me agradeceu por tudo, principalmente por ter dito a ela, que não existia pessoas feias, mas pessoas, que não se amam, ela disse que depois do colégio, ela refletiu muito sobre todas as nossas conversas. E decidiu ser feliz desde então, mudando completamente o seu estilo de vestir, corte do cabelo e principalmente, o seu pensamento em relação a ela mesma, passou a se amar. E o fim desta história teve um desfecho feliz, ela encontrou o seu príncipe encantado e juntos com a sua filhinha vivem felizes e espero que seja para sempre! Paulo RK