O dom de ouvir ou
escutar as pessoas, na verdade quem me fez perceber tal aptidão como um dom
foram elas mesmas, ‘as pessoas’, porque naturalmente observei e senti que elas
ficavam a vontade em falar sobre suas vidas para mim.
Falar sobre suas
particularidades pessoais mais obscenas, dos tipos que acontecem dentro de
quatro paredes e acho que elas não deveriam falar para ninguém, levando muito
além do túmulo como um segredo de alcova.
Até ai tudo bem e de
tanto ouvir tais ‘segredinhos de alcova’ das pessoas, de homens e mulheres acho
que fiquei meio que sem vergonha e isso não me incomoda mais.
A questão é que nós ‘seres
humanos’, somos muito complexos, não tendo uma explicação ou razão, ou mesmo
uma lógica de sermos quem somos neste planeta e mundo, ao mesmo tempo em que
tentando explicar a minha humanidade interior chego à conclusão que não preciso
explicar ou justificar (porra nenhuma) absolutamente nada sobre mim ou sobre
quem quer que seja bastando apenas ser o que sabemos ser, sendo o melhor que
consigo ser para as pessoas que desabafam comigo!
Afinal de contas quem
neste mundo pode dizer com clareza que está certo em atitudes ou nas coisas que
fala?
Mas de repente me sinto
incomodado com o que tenho ouvido de algumas pessoas, e estou inclinado a
considerar este meu “dom” como uma maldição, de repente pessoas ‘desabafam’
comigo que pensam tirar suas vidas e não é a primeira vez que escuto tais barbáries.
A questão é que não
estou conseguindo ajudar tais pessoas suicidas, porque de repente dois amigos
meus do passado foram cruéis consigo mesmos, tirando suas próprias vidas e na época
eu os subestimei, achando que era apenas vontade, mas que eles não tinham direito
ou coragem de cometer tal crime contra eles mesmos.
De repente a consciência
de quem intenciona ajudar as pessoas e mudar o mundo para o melhor não está
conseguindo dar bons conselhos que ajude tais pessoas, simplesmente porque
quando falo não saber o que dizer ou aconselhar sobre seus dramas e tragédias pessoais
elas quase sempre mencionam que só o fato de eu escutar, já é o bastante.
Então eu me calo e
meneio a cabeça se afirmativo ou negativo conforme a solicitação do suicida,
confesso que tal reflexão me consome, afinal de contas que porra de mudanças eu
posso agregar nas pessoas ou no mundo quando nos piores momentos da vida delas
eu não consigo falar absolutamente nada de relevante que as faça mudar de
opinião?
Paulo RK
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