Paulo Rk

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Contemplação da mente

terça-feira, 24 de maio de 2016

Eu enxergo beleza em cada rugas nas pessoas idosas!



Dizem que aparências é tudo numa pessoa, não vou ser hipócrita discordando, pois sou um ser humano como outro qualquer e a beleza seja ela quais forem atrai a primeira impressão, todos concordamos!
Pasmem em pleno século XXI num mundo cada vez mais globalizada tem gente que ‘ainda’ valoriza a beleza externa como se fosse essencial.
Mas para quem não sabe, ‘beleza sem competência é inútil’, a não ser que você trabalhe como modelo de algum produto de consumo e mesmo assim tem seu prazo e validade.
Porque nenhuma condição humana, seja biológica ou espiritual é eterna, tendo seu declínio garantido, seres humanos são tão patéticos que só conseguem enxergar beleza na juventude, porque os próprios ‘idosos’ se consideram feios pelas suas condições da pele flácida e enrugada.
Não sendo bem desse jeito, embora a mídia motive e incentive mais o mercado jovem do que das pessoas com mais idade, estabelecendo a impressão de que só os jovens tem vez no mundo,  as pessoas idosas deveriam se valorizar, apreciando mais as suas próprias condições de quem lutou a vida inteira com muita dignidade, representando aqui as rugas, cicatrizes de quem viveu uma vida inteira de luta.
Em verdade adoro lidar com pessoas idosas que se amam por quem elas são, acredito que elas são os nossos melhores mestres da vida, por terem mais experiência e vivência em todos os sentidos.
Basta você conversar com uma pessoa idosa, elas nos convidam a uma viagem temporal, nos faz viajar com suas lições de vida, a minha avó era assim, toda vez que eu chegava à tarde da escola, ela vislumbrava o horizonte ao oeste, posição do sol poente, e com o seu olhar perdido ainda fixado no horizonte, mas firme, me incentivava a estudar, relembrando com certa tristeza ao lembrar a sua juventude, criada por uma madrasta que não lhe permitia estudar, obrigando a trabalhar com muitas tarefas domesticas, ainda muito pequena.
Mas de todas as tristezas visível no tom de sua voz, ao relembrar da sua amarga infância, um sorriso invadia seu semblante, e certa nostalgia parecia “invadir” seu coração, ela lembrava e parecia reviver falando dos bons momentos que tinha ao entardecer no fundo de sua casa.
Os japoneses antigos tinham costume de acender fogueira para cozer seus alimentos ou mesmo para esquentar a agua para o banho em ofurôs (banheira japonesa), então a minha vó colhia cuidadosamente alguns carvão para usar no término dos seus afazeres domésticos, depois de cuidadosamente esfriadas e no fundo da casa, usando as mesmas como “giz”, ela ‘ensaiava’ algumas letras, ‘ideogramas’ que um menino da vizinhança  frequentador da escolha gentilmente lhe ensinava.
Por esta razão, motivada por tais lembranças de sua triste infância, ela sempre fez muito, e a sua própria maneira e condição de incentivar todos seus netos e netas a estudarem, no fim de cada  ano, na época do natal ela presenteava cada um dos seus netos com uma cadernetinha, um lápis, um apontador e uma borracha, lembro que o meu “sonho de consumo” era ganhar uma caneta Bic, por pura ostentação juvenil.
Lembro de cada detalhe, pois a minha avó, viveu por um bom tempo com a gente, então nunca vou esquecer que ela embrulhava com esmero, este singelo, mas de muito significado presente para seus netinhos e netinhas.
Não por nada, mas até hoje adoro vislumbrar o oeste, e vocês não tem a noção do quanto o por do sol me inspira tendo tais lembranças, me fazendo lembrar todos os aprendizados que os meus antepassados me passaram!
Paulo RK

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