Dizem que aparências é tudo
numa pessoa, não vou ser hipócrita discordando, pois sou um ser humano como
outro qualquer e a beleza seja ela quais forem atrai a primeira impressão, todos concordamos!
Pasmem em pleno século XXI
num mundo cada vez mais globalizada tem gente que ‘ainda’ valoriza a beleza
externa como se fosse essencial.
Mas para quem não sabe, ‘beleza
sem competência é inútil’, a não ser que você trabalhe como modelo de algum
produto de consumo e mesmo assim tem seu prazo e validade.
Porque nenhuma condição
humana, seja biológica ou espiritual é eterna, tendo seu declínio garantido,
seres humanos são tão patéticos que só conseguem enxergar beleza na juventude,
porque os próprios ‘idosos’ se consideram feios pelas suas condições da pele
flácida e enrugada.
Não sendo bem desse jeito,
embora a mídia motive e incentive mais o mercado jovem do que das pessoas com
mais idade, estabelecendo a impressão de que só os jovens tem vez no mundo, as pessoas idosas deveriam se valorizar, apreciando
mais as suas próprias condições de quem lutou a vida inteira com muita
dignidade, representando aqui as rugas, cicatrizes de quem viveu uma
vida inteira de luta.
Em verdade adoro lidar com
pessoas idosas que se amam por quem elas são, acredito que elas são os nossos
melhores mestres da vida, por terem mais experiência e vivência em todos os
sentidos.
Basta você conversar com uma
pessoa idosa, elas nos convidam a uma viagem temporal, nos faz viajar com suas
lições de vida, a minha avó era assim, toda vez que eu chegava à tarde da
escola, ela vislumbrava o horizonte ao oeste, posição do sol poente, e com o
seu olhar perdido ainda fixado no horizonte, mas firme, me incentivava a
estudar, relembrando com certa tristeza ao lembrar a sua juventude, criada por
uma madrasta que não lhe permitia estudar, obrigando a trabalhar com muitas
tarefas domesticas, ainda muito pequena.
Mas de todas as tristezas visível
no tom de sua voz, ao relembrar da sua amarga infância, um sorriso invadia seu
semblante, e certa nostalgia parecia “invadir” seu coração, ela lembrava e
parecia reviver falando dos bons momentos que tinha ao entardecer no fundo de
sua casa.
Os japoneses antigos tinham
costume de acender fogueira para cozer seus alimentos ou mesmo para esquentar a
agua para o banho em ofurôs (banheira japonesa), então a minha vó colhia
cuidadosamente alguns carvão para usar no término dos seus afazeres domésticos,
depois de cuidadosamente esfriadas e no fundo da casa, usando as mesmas como “giz”,
ela ‘ensaiava’ algumas letras, ‘ideogramas’ que um menino da vizinhança frequentador da escolha gentilmente lhe
ensinava.
Por esta razão, motivada por
tais lembranças de sua triste infância, ela sempre fez muito, e a sua própria
maneira e condição de incentivar todos seus netos e netas a estudarem, no fim de
cada ano, na época do natal ela
presenteava cada um dos seus netos com uma cadernetinha, um lápis, um apontador
e uma borracha, lembro que o meu “sonho de consumo” era ganhar uma caneta Bic,
por pura ostentação juvenil.
Lembro de cada detalhe, pois
a minha avó, viveu por um bom tempo com a gente, então nunca vou esquecer que
ela embrulhava com esmero, este singelo, mas de muito significado presente para
seus netinhos e netinhas.
Não por nada, mas até hoje
adoro vislumbrar o oeste, e vocês não tem a noção do quanto o por do sol me
inspira tendo tais lembranças, me fazendo lembrar todos os aprendizados que os
meus antepassados me passaram!
Paulo RK
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