É inquestionável, pelo menos
pra mim, os melhores amigos são os da infância.
Sem querer tirar os méritos
daqueles que conhecemos ao longo das nossas vidas, e que nos cativam de alguma
forma, fazendo questão de estarem presentes nos momentos mais importantes.
Quando digo “melhores”, é por
nos conhecermos por mais tempo, e de certa forma, eles (amigos da infância), se
tornam como se fossem os nossos irmãos e irmãs.
Pois com o tempo, nos
tornamos cumplices de vida, pela própria convivência.
Sou filho caçula, o único
varão entre três filhas mulheres, e o meu sonho desde pequeno, sempre foi ter
um irmãozinho (mais novo), ou irmãozão (mais velho), não desmerecendo as
minhas irmãs, pois elas são perfeitas!
Portanto eu sempre busquei
suprir essa necessidade com os meus amigos, dos mais velhos aos mais novos.
Mas tal transferência não é
só verbal, ou por consideração, eu me preocupo com todos eles, como se fossem parte
da minha própria família, buscando sempre fazer tudo que estiver ao meu alcance
para ajuda-los.
E confesso estar sofrendo por
não saber mais, como ajudar um amigo de infância, que esta definhando aos
poucos, e que ele próprio não consegue enxergar o mau que ele esta “cultivando”
em sua própria vida.
E o pior, dos amigos ele
sempre foi o mais audacioso, sempre esteve à nossa frente, foi o primeiro a ter
carro, o primeiro a trabalhar numa empresa boa e o primeiro na classe.
Eu sempre o admirei pela sua
habilidade em “fazer” dinheiro, mas com o tempo, essa “capacidade” parece ter
deteriorado, e o mesmo tem feito muitos negócios ruins, se envolvendo com
pessoas caloteiras, ele está criando ojeriza do seu próprio negócio, e o que é
pior, da própria humanidade.
E com todas as experiências
negativas que ele teve com pessoas, ele chegou à conclusão que deve evitar fazer
novos amigos, criando com isso um mundinho fechado, só dele.
Isso não é bom pra ninguém,
pois à medida que evitamos ter contato com pessoas, não desenvolvemos a nossa inteligência
emocional.
E não foi meu exagero quando
mencionei “definhando”, pois com as
decepções mundanas, ele criou um paradigma de quanto mais pessoas ele puder
evitar, melhor para ele.
E tenho reparado que ele
deixou de fazer muitas coisas que antes ele considerava a sua própria vida, gostava
de paixão, atividades como a dança e natação.
Se você pensa que isso é tudo
de ruim que pode acontecer na vida de uma única pessoa, não se engane, pois
este meu amigo tem a síndrome de Diógenes.
Para quem não conhece esta “doença”,
é a mania doentia que as pessoas tem de acumular coisas e objetos, sem ter necessidades.
Embora ele afirme que não pegue
mais nada de grande, é comum ao caminharmos, ele ficar se agachando, catando
coisas, objetos menores como se fosse catador de rua.
Disse a ele que é
extremamente constrangedor para mim, mas a gente sempre releva, afinal de
contas, são os nossos amigos de infância, mas nem por isso, deixamos de nos
impressionar e comover pela situação de suas atitudes e de suas casas, um
verdadeiro depósito.
Um depósito de lixo, pois a
maioria das coisas que ele “armazena”, não tem utilidades, guardando apenas
pelo prazer de possuí-los.
Pra fechar esse dramático
histórico pessoal de um amigo da infância, ele está cada vez mais fanático
pelos programas sensacionalistas como os ‘Datenas e Rezendes’, nutrindo ainda
mais a sua ojeriza pelas pessoas e pela própria sociedade.
E a cada dia ele repete tudo
que vê e ouve nesses programas que eu tanto odeio, como se nós estivéssemos interessados
pelas tragédias alheias, ele repete em palavras e com o máximo de detalhes.
O motivo deste texto é a
reflexão: “como ajudar um amigo, que cultiva sentimentos destrutivos em sua própria
vida”?
Paulo RK
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