Uma fruta verde é amarga, não
presta para ser consumida, ela só fica “boa” quando amadurece e cai do pé!
Na vida tudo acontece nesses
moldes, tudo tem o seu tempo de acontecer, viver, aprender e amadurecer.
Assim somos nós, muitas das
minhas bobagens, já não me afetam mais, alias hoje eu vejo como bobagens, mas
naquela época eram empecilhos intransponíveis.
E não pense que eu não
sofria, eu comentava tudinho para minha mãe, ahhhhh, quantas saudades de poder ir correndo pra debaixo da sua saia, ao
primeiro sinal de perigo iminente.
Lembro perfeitamente, ela
ficava tão preocupada e fazia das dificuldades do seu filho, a conversa tema
com as suas amigas, para encontrar alguma solução com as mães mais experientes.
Certa vez, olha só lembranças
da antiguidade, um coleguinha mais velho costumava comer boa parte do meu
lanche, alias coleguinhas de escolas mais velhos, são muito cruéis com os mais
novos.
Quantas vezes eu voltava com
os olhos fundos de tanta fome, por ter o meu lanchinho devorado por um dragão,
na verdade ele era um pouco mais alto do
que eu, e tinha mais gordura acumulada em toda extensão do seu corpo, aterrorizando
pelo seu volume desproporcional. (risos)
O tempo foi passando, e os
efeitos desta injustiça dos mais fortes, começou a manifestar, criança desnutrida
não consegue aprender direito.
E o meu desempenho começou a
cair na escola, e eu cada vez mais magro e esfomeado para o desespero da minha
mãe, porque ela tinha em mente em fazer
de tudo para me engordar, crescer e
ficar forte!
Ela me enxia de “preparados”
mágicos ou sei lá como chama todas aquelas garrafas, cheio de ervas-medicinais,
que a sua amiga benzedeira preparava, além dos famosos biotômicos comprado nas
farmácias.
Para o desespero da minha mãe,
não cresci tão pouco engordei, me sentia bem melhor, mas não tenho certeza se
foram pelas bebidas mágicas, ou pelo fato de saber que a minha mãe se
preocupava muito comigo. (é um privilégio ser filho caçula)
Todos os seus esforços
pareciam ser em vão, e a despeito de eu ter saúde o suficiente para pular e brincar
o dia inteiro voltava com uma fome danada, e as minhas notas não melhoravam
nunca.
A pressão era tanta que um
dia resolvi não querer ir mais para a escola, a minha mãe entrou em pânico e
resolveu ter aquela conversa, olhando no fundo dos meus olhos.
Daquele jeito de mãe que
conhece bem a sua cria e não tem como mentir para elas, contei tudo, tudinho!
Ela virou uma leoa,
literalmente, nas semanas seguintes ela a ‘leoa’ e seu filhote ficaram a espreita
na moita, com o objetivo de marcar, mirar e por fim atacar o mal que ameaçava a
sua cria.
O outro filhote, de tão obeso,
poderia até chama-lo de filhote de hipopótamo pelas suas proporções exageradas,
vinha acompanhada da mamãe hipopótamo.
Assim que minha mãe percebeu
a aproximação desta espécie, me pegou pelo braço e demos o bote, gentilmente
ela se apresentou a mãe do pequeno ladrão, e explicou tudo tudinho, ela ficou
chocado e deu um tapa na orelha do seu moleque infrator.
Foi o máximo, depois deste
ataque animal, o “bolofofo” ficou pianinho comigo, ficamos até amigos,
compartilhamos nossos lanches.
É inevitável não ter lembranças
dos momentos marcantes, das nossas infâncias, pois experiências da vida
presente nos remetem ao passado, nos fazendo resgatar valores e reviver todas
as lições aprendidas da sobrevivência.
Esta semana um homem grande e
gordo fez cara feia, falando num tom ameaçador para me intimidar.
Sou filho de uma leoa, e aprendi
com a minha mãe como um felino se defende nesta selva de pedra, portanto é
preciso muito mais do que tamanho e caras feias, para me assustar, além do mais,
amadureci e não sou mais ‘verdinho’ como muitos pensam.
Paulo RK
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