Paulo Rk

Paulo Rk
Contemplação da mente

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vida, morte e um gato chamado Bóris


É estranho e desconfortável, apesar de saber que a morte é um fato e fenômeno comum a todo ser vivo, presenciar um ser animado desligando se deste mundo e inevitavelmente se tornando em um saco de ossos é extremamente doloroso.
A visão se torna mais deprimente pelo fato de que nada podemos fazer em relação a morte, e não importando o quanto estimamos este ser, as datas de validades de cada ser vivo é inexorável.
Pois é assim que somos, um recipiente contendo ossos, um aglomerado de carne,banhas e na mente um sonho.
Sim,tentamos explica-la, justifica-la, mas nada que o homem faça tornará o fenômeno da morte mais atraente, pois acostumamos com a vida, e ainda que muitos reclamem dela temos no inconsciente o valor de estarmos vivos.
Acho um tema triste, e pensei muito em escrever sobre este fenômeno,mas um fato recente me fez lembrar da morte de meu pai.
Ele morreu na sala de casa e apesar de ter se desligado sem muitos sofrimentos seus olhos estavam serenos com um olhar distante, parecia estar olhando o horizonte.
Aquele corpo animado logo se tornou em um saco , um recipiente contendo ossos, um punhado de carne e na mente que um dia acomodava sonhos, ilusões, medos e sensações parecia ter apagado de vez.
Enquanto isso eu, minha mãe e irmãs estávamos achando que ele estava dormindo de olhos abertos.
A experiência recente que tive, e que me arremeteu ao passado foi a morte de um gato chamado Bóris, divido um espaço com um amigo, onde ele cria dois gatos.
Na noite passada estava ao telefone conversando com uma amiga, onde ela falava sobre seus problemas, ao mesmo tempo em que falava com ela o meu amigo trouxe o Bóris do quintal para sala, e o colocou na mesa de centro.
O gatinho estava totalmente mole, e seu olhar estava como a de meu pai, perdido e olhando para o horizonte, é como se sua mente estivesse se desligando.
Logo de sua boca sairia o sangue dando fim ao seu sofrimento.
Enquanto isto ao telefone comentei com a minha amiga que um gato estava morrendo ao meu lado, mas ela entretida com os seus problemas nem percebeu o que havia falado.
Percebi então como é sutil todos os nossos problemas em relação a vida, quando gozamos de plena saúde não a valorizamos e ignoramos o quanto são preciosos os momentos de cada segundo.
Valorizando e desperdiçando os segundos, minutos e horas com problemas irreais que nós mesmos as criamos.
Suponho que a vida as vezes quer dizer algo com a morte de pessoas e animais de estimação que amamos.
Concluo que a saudade deixada por aqueles que amamos, machuca tanto quanto o ato do desligamento
Muito obrigado por terem lido até o último parágrafo.
Paulo RkSp

Um comentário:

  1. Paulo, quando aceitarmos que estamos temporariamente vivendo uma experiência material e que logo voltaremos para a espiritual é porque teremos chegado ao grau máximo da evolução. Por mais que digam que um dia a gente vai se encontrar, por mais espiritas ou espiritualistas que sejamos esse aparte, essa separação não é fácil. É cruel.Passa a dor,mas fica a lembrança da dor, entende? Ás vezes fico pensando que a nossa vida, mesmo que vivamos cem anos, é tão curta. Nos deixamos enfurecer por tão pouca coisa. Nosso problemas viram o centro do universo e muitas vezes nos esquecmos de olhar para o lado. Mas isso é do ser humano. Isso é a gente. Não adquirimos a perfeição. Por mais tecnologia que exista ainda somos seres absolutamente imperfeitos. Muitas vezes não aceitamos no outro aquilo que sobra na gente. Se pudessemos entender o olhar que vaga no horizonte quando o fim ou começo(quem sabe?)chega.Será que ainda nesse momento deixaríamos a nossa impafia de lado? É dificil, mas temos que aprender que o melhor momento para se fazer algo por alguém é agora.
    Sua amiga não prestou atenção á morte de um gato. Quantos não prestam atenção à morte de seres humanos? Tá certo que é tudo vida, mas...
    Mas quero que saiba que compartilho de suas idéias. Se estamos certos quem é que pode julgar? Só sei que um dia nosso olhar também vai vagar no horizonte de nós mesmos e ai meu querido nós saberemos, nós saberemos. Fique bem!

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