Sabe do que me lembrei fim de semana passado (?),
lembrei da minha avó, pessoa humilde, cuja infância sofreu muito até a fase
adulta por conta da sua madrasta, dizem que ‘madrastas’ são bruxas e no caso da
madrasta da minha avó, faz jus a tal menção.
Pra começar pessoas que não gostam de crianças são
pessoas más, esta é a minha opinião porque quem não consegue se comover ou se render pelas
‘travessuras fofas’ de uma criança, ou não teve infância, ou tem a alma mais
dura que uma pedra ou sei lá como descrever esse tipo de gente que não gostam
de crianças ou animais.
Pior é nos dias de hoje, quando “seres humanos”
fazem filhos e os descartam em sacos de lixos, numa lixeira, num córrego ou
mesmo numa fossa como eu já vi num noticiário local.
Enfim nós “seres humanos” somos a pior espécie de
todas as espécies existentes neste planeta, destruímos tudo o que conquistamos
para depois fugirmos das responsabilidades de ter que assumir os nossos
próprios erros cometidos a culpar seres subjetivos como o próprio diabo, que
assim como deus ainda vive no coletivo imaginário das pessoas covardes que
detestam assumir seus próprios erros.
Mas voltando ao assunto da ‘madrasta’ da minha avó,
ela explorava a minha avó quando ainda era muito pequena e a obrigava a fazer
muitos afazeres domésticos, não sobrando tempo nem para estudar.
A minha avó queria estudar só que a ‘bruxa’ não a
permitia, se quer comprava cadernos ou lápis, em uma das suas tristes
lembranças infantis, a minha avó contava para mim que ao entardecer ou no fim
da tarde, ela ia ao fundo da casa ‘secretamente’, para ficar treinando algumas
letras do alfabeto japonês que um menino vizinho lhe ensinava, eu lembro que
fiquei muito triste com este relato porque a minha avó mencionou que treinava
escrevendo no chão, com os carvões que sobrava da fogueira, do fogão a lenha que ela alimentava durante o dia para fazer a
comida.
E depois de ter casado e ter muitos netos e netas, a
minha avó cultivava um habito muito bonito que marcaria para o resto da vida seus
netos, pelo menos guardo tais lembranças da passagem da vida dela com muita
nostalgia e me fortalece muito em momentos difíceis.
Tendo sido muito importante tal gesto simbólico para
mim, infalivelmente e todos natais ela comprava um lápis, uma borracha e um
caderninho, embrulhava com esmero e presenteava cada neto e neta como se fosse
um presente de muito valor.
Certa vez no meu capricho e inocente infantilidade
reclamei e pedi a ela uma caneta, estava “cansado” de ganhar lápis, e o meu
sonho de consumo era ganhar uma caneta Bic, ela muito sabiamente disse que
ainda não sabia escrever e com o lápis e a borracha eu poderia errar o quanto
quisesse, pois poderia apagar e consertar o erro, e me prometeu que quando
aprendesse a escrever iria me presentear com muitas canetas. (risos)
A reflexão deste texto, é que se hoje sou humilde,
não dá boca pra fora como muitas pessoas são, mas tenho humildade em meus
sentimentos e não faço tanta questão do luxo e da ostentação seja ela quais
forem, é porque nasci nesta família, a minha avó, com todos os sofrimentos que
teve no passado, na sua juventude não se tornou numa pessoa má, fria ou se quer
odiava seus netos, muito pelo contrário ela nos incentivou muito a estudar,
aprender uma profissão e principalmente os valores vitais da humildade humana.
E todas as vezes que me deparo com um caderno, um lápis,
uma borracha e um apontador, lembro com muita nostalgia dela, é muito bom ter
tido contato com pessoas maravilhosas como a minha avó, pessoa que me enriqueceram meus valores pessoais e que me definem muito
bem quem eu sou nos dias de hoje!
Paulo RK
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