Paulo Rk

Paulo Rk
Contemplação da mente

sábado, 4 de fevereiro de 2017

A vida não é ruim, o que te faz sofrer é a sua ganância em querer ser e ter mais sem quaisquer sentimentos de gratidão!


Tem gente que não dá importância pelo “simples” fato delas terem acordado para mais um NOVO DIA!
Mas não os critico, porque antes de conhecer a filosofia budista eu também fui como qualquer ‘outro mortal comum’, era materialista e pensava muito erroneamente que a minha felicidade se resumia a qualquer objeto do desejo momentâneo.
Ou muito pior, me sentia muito infeliz por não ter alguns ‘caprichos materiais’ que alguns dos meus amigos afortunados tinham e eu não, sentindo mal, ‘deslocado’ do meio por ser quem eu fui e na verdade continuo sendo, ‘financeiramente pobre’.
Quando falo, ninguém acredita, mas já fui uma pessoa fútil, daqueles que só valorizavam pessoas ricas, desprezava os “pobres”, observe como a minha futilidade era preocupante, porque antes eu fingia ser rico, falava inverdades, dizendo para as pessoas que tinha o que não tinha, procurava me vestir em dias normais com roupas para sair, só para chamar a atenção das pessoas, e dentro da minha mente doentia imaginava que estava impressionando as pessoas.
Com certeza que impressionava, mas impressionava pessoas tão fúteis quanto eu próprio!
Continuo sendo uma pessoa financeiramente pobre, não consegui acumular quaisquer fortunas ou bens materiais de grande relevância, mas saibam que a minha “pobreza” é restrito ao mundo material, não espiritual, porque aprendi na filosofia budista que o que faz o ser humano sofrer não é a falta de qualquer coisa material, mas a própria falta da riqueza espiritual, que nos livre das nossas próprias ‘escuridões fundamentais’, ou se preferirem podemos chamar aqui de ignorância humana.
Meus pais sempre foram pessoas humildes, parecia que estavam contentes com o que tinham e satisfeitos com tudo, não reclamando por nada ou nenhuma dificuldade aparente, eles sempre se mostravam otimistas e corajosos para enfrentar com audácia e coragem daqueles que sofreram e passaram por situações muito pior no passado, do que da minha própria geração hoje, nos tempos considerados modernos.
E tais sentimentos e lembranças que guardo deles compõem a pessoa em que me tornei hoje e muito provavelmente, e ‘se um dia’ eu me casar, passarei para os meus ‘filhotes’, e caso eu não me case, estarei fazendo com as pessoas o que costumo fazer, o que sei fazer com muita propriedade ‘modéstia a parte’, passar a diante todo o conhecimento adquirido e acumulado.
Tem uma curiosidade que eu observei sobre os meus pais e percebi só depois que me converti ao budismo, meus pais não foram pessoas religiosas na verdade meu pai é ateu, nunca acreditou num deus, mas sempre foi devoto ao seu trabalho e trabalhou muito com muito prazer, a minha mãe “praticava” uma forma de budismo primitivo, mas não que ela era devota ou tivesse forte crença, na verdade ela herdou de seus familiares, mas como mencionei não acreditava naquela forma primitiva do budismo, então o oratório e o ‘Mandala’ herdado se perdeu com o tempo, nem me lembro o que a minha mãe fez com ele.
Mas a questão que observei na cultura dos meus pais é que a filosofia budista está inerente na própria educação dos japoneses, por esta razão alguns japoneses não precisam ser budistas para agirem como um budista, bastando praticar o que eles aprendem na educação de berço.
E isso eu só percebi quando me tornei num budista, quando eu vim a praticar oficialmente em 1999, simplesmente eu me identifiquei com tudo que eles me ensinaram na organização porque foi justamente o que meus pais me ensinaram desde muito cedo.
Foi preciso eu conhecer a filosofia budista para despertar da minha eterna escuridão fundamental e valorizar os ensinamentos de humildade herdados de meus pais!
E se hoje acordo disposto e grato por mais um dia de vida independendo das circunstancias negativas de vida que eu possa estar passando, agradeço a vida e aos meus pais, e agradeço de coração, não da boca pra fora!
Como?
Faço como a minha avó fazia, logo cedo de manhã ela juntava suas mãos em prece e batia três vezes na direção do Sol, dizendo em voz alta, ‘muito obrigado por estar viva e com saúde’!
A minha mãe também tinha esse mesmo costume, ao terminar as refeições ela juntava suas mãos em prece e batia três vezes agradecendo pela  refeição, o meu pai era menos expressivo, mas eu sentia, ele tinha uma profunda gratidão e respeito pela natureza, ele gostava muito da natureza e fazia muito questão de ter muitas plantas em casa.
E por todo esse aprendizado que adquiri desde criança, não posso ser uma pessoa ingrata, eu não tenho esse direito, apesar de não ter me enriquecido materialmente ou financeiramente, e apesar do estudo que tive a oportunidade de ter graças inclusive a eles (pais), tenho que cultivar a eterna gratidão pela própria vida, por ter tido meus pais, como meus pais, por ter conhecido esta incrível filosofia de vida budista e principalmente agradecer pelo dia de hoje, por ter desperto de um sono gostoso e reparador da noite anterior.
Nossa me empolguei novamente, deu pra perceber que amo de paixão escrever, mas para encerrar esta reflexão é lembrar a todos o ‘poder da gratidão’, quando somos gratos pelo “básico” que é estarmos vivos, que não existe riqueza ou benção maior do que acordar com saúde para mais um dia de vida, quando agimos com sentimentos da gratidão a própria vida conspira a nosso favor, facilitando todo o processo da nossa evolução aqui na terra.
Do contrário é verdadeiro, pessoas avarentas e egoístas estão sempre sofrendo, mas não porque a vida é ruim, mas pela suas próprias ganâncias, arrogâncias e ingratidão por tudo de bom que a vida nos oferece, ou seja, a vida nos concede todos os dias o direito a vida, uma chance para podermos corrigir nossos erros do passado e reescrever uma nova e bonita página em nossos diários existenciais!

Paulo RK

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