Tem gente que não dá importância pelo “simples” fato
delas terem acordado para mais um NOVO DIA!
Mas não os critico, porque antes de conhecer a
filosofia budista eu também fui como qualquer ‘outro mortal comum’, era
materialista e pensava muito erroneamente que a minha felicidade se resumia a
qualquer objeto do desejo momentâneo.
Ou muito pior, me sentia muito infeliz por não ter
alguns ‘caprichos materiais’ que alguns dos meus amigos afortunados tinham e eu
não, sentindo mal, ‘deslocado’ do meio por ser quem eu fui e na verdade continuo sendo, ‘financeiramente
pobre’.
Quando falo, ninguém acredita, mas já fui uma pessoa
fútil, daqueles que só valorizavam pessoas ricas, desprezava os “pobres”,
observe como a minha futilidade era preocupante, porque antes eu fingia ser
rico, falava inverdades, dizendo para as pessoas que tinha o que não tinha,
procurava me vestir em dias normais com roupas para sair, só para chamar a
atenção das pessoas, e dentro da minha mente doentia imaginava que estava
impressionando as pessoas.
Com certeza que impressionava, mas impressionava
pessoas tão fúteis quanto eu próprio!
Continuo sendo uma pessoa financeiramente pobre, não
consegui acumular quaisquer fortunas ou bens materiais de grande relevância,
mas saibam que a minha “pobreza” é restrito ao mundo material, não espiritual,
porque aprendi na filosofia budista que o que faz o ser humano sofrer não é a
falta de qualquer coisa material, mas a própria falta da riqueza espiritual,
que nos livre das nossas próprias ‘escuridões fundamentais’, ou se preferirem podemos
chamar aqui de ignorância humana.
Meus pais sempre foram pessoas humildes, parecia que
estavam contentes com o que tinham e satisfeitos com tudo, não reclamando por
nada ou nenhuma dificuldade aparente, eles sempre se mostravam otimistas e
corajosos para enfrentar com audácia e coragem daqueles que sofreram e passaram
por situações muito pior no passado, do que da minha própria geração hoje, nos
tempos considerados modernos.
E tais sentimentos e lembranças que guardo deles compõem
a pessoa em que me tornei hoje e muito provavelmente, e ‘se um dia’ eu me casar,
passarei para os meus ‘filhotes’, e caso eu não me case, estarei fazendo com as
pessoas o que costumo fazer, o que sei fazer com muita propriedade ‘modéstia a
parte’, passar a diante todo o conhecimento adquirido e acumulado.
Tem uma curiosidade que eu observei sobre os meus
pais e percebi só depois que me converti ao budismo, meus pais não foram
pessoas religiosas na verdade meu pai é ateu, nunca acreditou num deus, mas
sempre foi devoto ao seu trabalho e trabalhou muito com muito prazer, a minha
mãe “praticava” uma forma de budismo primitivo, mas não que ela era devota ou
tivesse forte crença, na verdade ela herdou de seus familiares, mas como
mencionei não acreditava naquela forma primitiva do budismo, então o oratório e
o ‘Mandala’ herdado se perdeu com o tempo, nem me lembro o que a minha mãe fez com
ele.
Mas a questão que observei na cultura dos meus pais
é que a filosofia budista está inerente na própria educação dos japoneses, por
esta razão alguns japoneses não precisam ser budistas para agirem como um
budista, bastando praticar o que eles aprendem na educação de berço.
E isso eu só percebi quando me tornei num budista,
quando eu vim a praticar oficialmente em 1999, simplesmente eu me identifiquei
com tudo que eles me ensinaram na organização porque foi justamente o que meus
pais me ensinaram desde muito cedo.
Foi preciso eu conhecer a filosofia budista para despertar da minha eterna escuridão fundamental e valorizar os ensinamentos de humildade herdados de meus pais!
E se hoje acordo disposto e grato por mais um dia de
vida independendo das circunstancias negativas de vida que eu possa estar
passando, agradeço a vida e aos meus pais, e agradeço de coração, não da boca pra fora!
Como?
Faço como a minha avó fazia, logo cedo de manhã ela
juntava suas mãos em prece e batia três vezes na direção do Sol, dizendo em voz
alta, ‘muito obrigado por estar viva e com saúde’!
A minha mãe também tinha esse mesmo costume, ao
terminar as refeições ela juntava suas mãos em prece e batia três vezes
agradecendo pela refeição, o meu pai era
menos expressivo, mas eu sentia, ele tinha uma profunda gratidão e respeito
pela natureza, ele gostava muito da natureza e fazia muito questão de ter
muitas plantas em casa.
E por todo esse aprendizado que adquiri desde criança,
não posso ser uma pessoa ingrata, eu não tenho esse direito, apesar de não ter
me enriquecido materialmente ou financeiramente, e apesar do estudo que tive a
oportunidade de ter graças inclusive a eles (pais), tenho que cultivar a eterna
gratidão pela própria vida, por ter tido meus pais, como meus pais, por ter
conhecido esta incrível filosofia de vida budista e principalmente agradecer
pelo dia de hoje, por ter desperto de um sono gostoso e reparador da noite
anterior.
Nossa me empolguei novamente, deu pra perceber que
amo de paixão escrever, mas para encerrar esta reflexão é lembrar a todos o ‘poder
da gratidão’, quando somos gratos pelo “básico” que é estarmos vivos, que não
existe riqueza ou benção maior do que acordar com saúde para mais um dia de
vida, quando agimos com sentimentos da gratidão a própria vida conspira a nosso
favor, facilitando todo o processo da nossa evolução aqui na terra.
Do contrário é verdadeiro, pessoas avarentas e egoístas
estão sempre sofrendo, mas não porque a vida é ruim, mas pela suas próprias ganâncias,
arrogâncias e ingratidão por tudo de bom que a vida nos oferece, ou seja, a
vida nos concede todos os dias o direito a vida, uma chance para podermos
corrigir nossos erros do passado e reescrever uma nova e bonita página em
nossos diários existenciais!
Paulo RK
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