Paulo Rk

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Contemplação da mente

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A alma dos diferentes


"Quem tem luz própria sempre incomoda quem está no escuro."

"... AH, o diferente, esse ser especial!" escreveu Artur da Távola.
"O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas.
Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.
Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem. Diferente que se preza entende o porque de quem o agride.
O diferente paga sempre o preço de estar -- mesmo sem querer -- alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores.
O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual, a inveja do comum, o ódio do mediano.
O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais , de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos, por omissão, se unem para transformar o que é potencial em caricatura.
O que é percepção aguçada em: "Puxa, fulano, como você é complicado".
O que é o embrião de um estilo próprio em: "Você não está vendo como todo mundo faz?" Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram nos seus grandes modificadores.
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber.
Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno, agridem e gargalham. É o que estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam. Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores.
Cria onde o hábito rotiniza. Fala de amor no meio da guerra. Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha ou de malícia.
A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes."
Gostei tanto deste pensamento, que copiei do nosso estimado amigo Roberto Rosa!
Paulo RK

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