Todas as vezes que volto para casa, nos fins de
tarde, observo da minha pequena janela ao oeste o ‘pôr do sol’, mal posso
explicar o que verdadeiramente sinto, sou tomado por um sentimento muito
poderoso, tão profundo que acredito e ainda que possa usar todas as palavras da
nossa rica língua portuguesa, não poderia externar o que realmente sinto por
dentro.
A questão é que desde pequeno aprendi a apreciar
todo o esplendor da natureza do meu entorno, a minha avó costumava reverenciar
o nascer e o pôr do sol, colocando as suas mãos em prece, ela agradecia por
mais um dia de vida e mais do que isso a minha avó costumava contar as suas
historias de vida para seus netos, olhando com certa nostalgia e sempre nos fins
de tardes a contemplar o belo céu azul, pincelados com tonalidades avermelhadas
e amarelo alaranjado.
Acho que na convivência com a minha avó e pela minha
própria descendência e cultura japonesa temos esse respeito e admiração pela
mãe natureza, e hoje depois de amadurecido percebo o quanto é maravilhoso poder
contar com o que existe neste mundo na natureza de mais maravilhoso, detalhe,
gratuitamente a nossa inteira disposição.
Então hoje, nos piores momentos da minha vida,
principalmente no que se refere à profissão, onde tenho que lidar com pessoas
de diversas formações durante o dia
inteiro, basta eu chegar em casa, e contemplar a natureza do meu entorno para
‘recarregar’ e ‘renovar’ as minhas energias.
Não importando à hora do dia, pois quando chego de
madrugada, olho para a abobada celeste escura, onde as estrelas brilham aos milhares,
e nos fins de tarde observo o Sol indo embora, afirmando com todo o seu
esplendor que amanhã será um novo dia, tão radiante quanto foi o dia de hoje,
ahhh não posso deixar de mencionar a parte da manhã, quando o ar friozinho bate
em meu rosto pálido e ao leste desponta os primeiros raios de sol, derretendo
as gotas de orvalhos nas folhas das plantas do meu jardim, ao mesmo tempo aquecendo
o meu gelado semblante assim como a minha própria alma.
Por esta razão o meu dia na convivência com pessoas
insensíveis e sentimentalmente grotescas são compensadas por estes fatores
naturais, pois vida de ninguém é um mar de rosas, longe disso certas estupidez alheia
nos permite sentir em nossas almas as maldades afiadas que como um bisturi cirúrgico
nos “cortam” a carne visceralmente de “nossas almas” nos fazendo sangrar por
dentro, deixando em frangalhos os sentimentos mais profundos e bonitos que
ainda insistimos em nutrir sobre a nossa própria humanidade durante as manhãs e
tardes de um dia complexo, mas é no conforto do meu humilde lar que encontro os
motivos e as razões para restabelecer as minhas energias, resgatando as minhas
convicções de que não viemos ao mundo para sofrer e o meu juramento de que
ainda serei muito feliz nesta vida.
Não estou querendo dizer com isso que a minha vida é
um “mar de rosas”, acho que tal premissa só existe em ficções românticas da
literatura, mas numa profunda reflexão e analise pessoal que me faz pensar, o
romance do amor humano só se faz presentes na humanidade graças à própria
crueldade daqueles que cometeram atos insanos e grotescos contra a sua própria humanidade.
Pois se você
observar notará que no mundo ou na vida tudo acontece em pares, tudo tem sua
contrapartida e a dualidade está presente em tudo, tipo; o amor e o ódio, noite
e o dia, frio e o calor, medo e a coragem, o homem e a mulher, a bondade e a
crueldade e entre muitos outros fatores que fazem parte e constituem o que
chamamos aqui de vida e que não podemos descrever em palavras, ao mesmo tempo
em que não podemos negar da sua existência, nos deixam confusos, porque de
certa forma se elas existem é porque temos que enfrentar para aprender algo,
conforme foi dito por um psicanalista famoso; ‘o que não nos mata nos fortalece’!
É bem isso mas a questão é que somos feito carne,
osso e sentimentos, e precisamos de ‘algo’ para nos apegar, e que esse ‘algo’
tenha verdadeiramente o poder de nos
fazer recuperar as nossas forças espirituais para continuar a viver e seguir em
frente, e como mencionei acima neste mesmo texto, a minha “bateria” está em meu
entorno, como os fenômenos bonitos da natureza, e você o que você faz para ‘reabastecer’
dos desgastes emocionais no convívio social com os das nossas próprias espécies?
Paulo RK
Nenhum comentário:
Postar um comentário